Porcão pode fechar portas em Brasília

Indícios de lavagem de dinheiro motivaram denúncia ao Ministério Público Federal

Com salários atrasados desde outubro e sem receber vale transporte e demais direitos, os empregados da Brasil Food Service Manager S.A. – BFM (Porcão) decidiram continuar trabalhando até pelo menos o fim de dezembro.

O advogado do Sindicato dos Empregados em Hotéis, Restaurantes, Bares, Lanchonetes e Pizzaria (SECHOSC-DF), Jairo Soares dos Santos, conta que pelo menos 40 empregados já buscaram a Justiça do Trabalho contra a RPS Bar e Restaurante Ltda. (antiga razão social do Porcão) e contra a BFM, solicitando rescisão indireta do contrato de trabalho e verbas trabalhistas devidas.

A mudança na razão social, inclusive, não é a primeira realizada. Segundo a advogada da empresa, esta é a oitava alteração do contrato social. Apesar disto, os créditos dos cartões – responsáveis pela maioria das receitas – ainda estão no nome da RPS Bar e Restaurante Ltda.

Além de as questões trabalhistas, a procuradora Marici Coelho de Barros, do Ministério Público do Trabalho no Distrito Federal (MPT-DF), constatou possíveis irregularidades para análise da área criminal. Ela explica que a afirmação dada pelo gerente de que a empresa opera com prejuízo há muitos anos merece investigação do Ministério Público Federal (MPF).

Por esta razão, a procuradora encaminhou ao MPF toda a documentação do procedimento, a fim de apurar possíveis crimes contra organização no trabalho, crime de sonegação previdenciária e indícios de lavagem de dinheiro.

O gerente operacional Gilberto Laste Júnior explicou que foi contratado pela empresa no Rio de Janeiro e deslocado para Brasília para reestruturar o estabelecimento.
 “Não recebemos os recursos financeiros necessários para o adequado funcionamento da churrascaria. O dinheiro é enviado do Rio de Janeiro para cá, pois aqui pouco se arrecada”, declara.

Na sexta-feira passada, Laste Júnior recebeu a quantia de R$ 26 mil para pagamentos parciais de salários atrasados do mês de outubro. Segundo o gerente, até mesmo alguns tipos de carne estão em falta na churrascaria.

Os representantes também afirmaram que o advogado do Porcão no Rio de Janeiro, Dr. Charles, orientou que não fosse firmado Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho.

Diante da resistência da churrascaria em regularizar a situação, a procuradora Marici Coelho convocou nova audiência, para o dia 7 de dezembro, momento em que a empresa deve vir representada por um de seus diretores.

 

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